Agropecuária

USDA vê safra de soja no Brasil robusta mesmo após problemas climáticos

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) segue contrariando a aposta dos analistas quando o assunto são as projeções para a safra de soja do maior produtor e exportador mundial, o Brasil.

Em seu relatório mensal de oferta e demanda global, divulgado nesta sexta-feira (10/5), o órgão estimou que a colheita brasileira em 2023/24 deverá alcançar 154 milhões de toneladas. A maioria das consultorias privadas, no entanto, espera uma safra abaixo de 150 milhões, e conhecendo a postura “conservadora” do USDA em fazer cortes na safra, esperava que ele apontasse uma produção de 152,63 milhões de toneladas no relatório deste mês.

Na visão de Ronaldo Fernandes, analista da Royal Rural, o número de 155 milhões de toneladas, que já estava superestimado, segundo ele, deveria sofrer reajustes não só pela seca enfrentada por algumas lavouras do Centro-Oeste do Brasil, bem como pelas perdas já dadas como certas no Rio Grande do Sul, após as chuvas recentes observadas no Estado.

Também contrariando as expectativas de agentes de mercado, o USDA manteve em 50 milhões sua projeção para a produção na Argentina, enquanto a aposta média era para uma redução, indicando 49,61 milhões de toneladas.

Sobre a safra dos EUA, outro dado importante para a formação de preço foi de estoques finais do país, que permaneceu inalterado, em 9,26 milhões de toneladas, enquanto se esperava um leve ajuste para baixo, para 9,23 milhões.

Safra 2024/25

Em sua primeira estimativa para a safra global de soja em 2024/25, o USDA indicou uma safra recorde para o Brasil e ainda números expressivos para a safra americana, que está em fase inicial de colheita.

Mundialmente, a safra de soja deverá atingir 422,26 milhões de toneladas, segundo o órgão, maior que as 396,95 milhões previstas para a temporada 2023/24. O consumo mundial de soja deve sair de 383,53 milhões de toneladas, para 401,74 milhões na nova safra, enquanto os estoques finais deverão saltar de 111,78 milhões de toneladas para 128,50 milhões.

Para o maior produtor e exportador mundial de soja, o USDA espera um recorde na produção, de pode chegar a 169 milhões de toneladas, em comparação com as 154 milhões esperadas para o atual ciclo no país. As exportações brasileiras devem crescer 3 milhões de toneladas, e atingir 105 milhões no próximo ano, segundo previsões do USDA.

Sobre a safra nos EUA, que já deu a largada do plantio em 2024/25, o órgão americano espera 121,11 milhões de toneladas. A previsão ficou abaixo das 122,61 milhões estimadas pela agência em fevereiro. No entanto, ela é maior que as 120,80 milhões esperadas por agentes do mercado privado, e ainda representaria uma recuperação quando comparada com as 113,34 milhões que os EUA produziram em 2023/24. As exportações do país deverão ser maiores, chegando a 49,67 milhões de toneladas, em comparação com as 46,27 milhões da safra passada.

Mesmo com o aumento das exportações, a maior oferta deverá favorecer os estoques ao fim do ciclo 2024/25, com o volume podendo chegar a 12,11 milhões de toneladas, bem acima das 9,26 milhões estimadas nas reservas americanas no último ciclo.

Para outro importante produtor de soja, a Argentina, o USDA previu acréscimo de 1 milhão de toneladas na colheita na próxima safra, para 51 milhões de toneladas. O departamento elevou quase na mesma proporção sua estimativa para as exportações, que devem somar 5,50 milhões de toneladas.

Para o maior consumidor mundial de soja, a China, o USDA espera que as importações alcancem 109 milhões de toneladas, ou 4 milhões a mais que na safra 2023/24.

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