Maior hidrelétrica de Goiás está gerando menos energia atualmente do que em agosto de 2001
Unidade fica em Itumbiara e está operando com 10,5% do volume útil – água acima das turbinas. Estiagem afeta outras usinas deste tipo, algumas com níveis em menos de 30%.
A usina com maior potencial de geração de energia hidrelétrica de Goiás fica em Itumbiara, no sul do estado, e está gerando menos energia do que em agosto de 2001, quando houve o apagão no Brasil. Segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a unidade estava com nível de água do reservatório em média de 11% há 20 anos e atualmente trabalha com 10%.
Também de acordo com dados da ONS, a usina de Itumbiara é capaz de produzir cerca de 2.083 MW (megawatt), no entanto, com a quantidade de água acima das turbinas (volume útil) em baixa, a planta acaba gerando menos energia.
Segundo Furnas, que administra a usina, na segunda-feira (6) a geração média de energia da unidade foi de 388 MW, o que corresponde a 19% da sua capacidade.
Na mesma data em 2001, o nível do reservatório era de 11,8%. Aplicando a mesma proporção, a produção era de 21,3% da capacidade, portanto 437 MW – mais do que é produzido atualmente.
Para termos uma noção do que representa essa produção, o G1 consultou um especialista na área. De acordo com o engenheiro eletricista Victor Bitencourt, 500 MW é a potência suficiente para suprir a demanda energética média de uma cidade de cerca de 1 milhão de habitantes, de forma instantânea.
O engenheiro explicou ainda como funciona a capacidade de produção energética das usinas quando têm baixo volume de água nos reservatórios.
“Esse volume útil não muda a capacidade da usina, mas limita a geração de energia [para que o nível não abaixe a ponto de não ter mais água suficiente]. O que se faz é não gerar tudo para não descer muito [o nível da água], ou gerar de acordo com a quantidade de água que chega”, explicou o engenheiro eletricista Victor Bitencourt.
Essa “quantidade de água que chega” é chamada de afluência. Segundo a ONS, o Brasil enfrenta, atualmente, as “afluências mais baixas dos últimos 91 anos no Sistema Interligado Nacional (SIN)”.
Apesar da situação delicada, o órgão destacou que “está tomando todas as medidas técnicas e operacionais cabíveis para manter a continuidade do atendimento ao consumidor de energia elétrica no Brasil”.
A ONS mapeia e avalia as usinas que fazem parte do SIN. Além dessas unidades, segundo o próprio órgão, há geradoras menores que também comercializam energia, mas não integram o sistema, portanto não estão mapeadas pelo Operador.
“Esse período é crítico e as menores hidrelétricas, acabam parando ou funcionando só parte do dia, por exemplo”, disse Victor.