Embrapa assina acordo para desenvolver novas cultivares de mamona no Brasil
A Embrapa Algodão e a empresa israelense Kaiima Seeds firmaram um acordo de cooperação com o objetivo de desenvolver novas cultivares de mamona no Brasil.
A parceria busca gerar cultivares de alto desempenho produtivo, adaptáveis a diferentes condições de cultivo e com características diferenciadas, como composição de óleo, resistência a doenças e precocidade.
Segundo Nair Arriel, chefe-adjunta de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Algodão, ambas as empresas aportarão material genético para a criação de novas cultivares que serão essenciais ao fortalecimento da cadeia produtiva da mamona no Brasil, com potencial de expansão para outros países.
A Kaiima Seeds é subsidiária da empresa israelense Kaiima Bio-Agritech Ltda. e possui 5 híbridos registrados, além de outros em desenvolvimento. Edison Kopacheski, CEO da Kaiima, afirmou que está otimista com a cooperação e que a diversidade genética trará aos novos cultivares características importantes para o desenvolvimento da cultura no Brasil.
Para Maira Milani, pesquisadora da Embrapa Algodão e especialista em melhoramento genético de mamona, o desenvolvimento de novas cultivares é fundamental para a diversificação e sustentabilidade dos sistemas agrícolas, reduzindo o uso de defensivos agrícolas, a abertura de novas áreas e garantindo benefícios econômicos e ambientais.
A mamona está ganhando cada vez mais destaque como fonte de matéria-prima para biomateriais e biocombustíveis, com ênfase ao HVO ou diesel verde, e o Brasil tem todas as condições agronômicas e técnicas para se tornar líder mundial na produção de mamona.
Cultura da mamona
Apesar de ser uma atividade tradicional, a ricinocultura no Brasil possui ainda baixa expressão econômica, sendo cultivada principalmente por pequenos produtores, com baixo investimento tecnológico e baixa produtividade.
“O desenvolvimento de cultivares mais produtivos e com resistência a doenças tende a impulsionar a produção pelo aumento da produtividade. Além disso, novas cultivares e avanço das pesquisas, por meio de inovações tecnológicas para complementar o sistema de produção no cerrado podem impulsionar a introdução da mamona em áreas de produção de commodities oferecendo uma nova opção de cultivo rentável que possibilite manejo de pragas e doenças comuns das culturas da soja, milho e algodão, como nematoides”, afirma Arriel.
Para os grandes produtores, a mamoneira é uma cultura com potencial de integração em diversas regiões e janelas de plantio do país devido a sua capacidade de ajustar-se às irregularidades de chuvas. “O Brasil tem real possibilidade de expansão da cultura, justificada pela alta demanda do óleo, retração de produção nos principais países concorrentes, tradição brasileira neste cultivo e cenário favorável de transformação da indústria nacional ao desenvolvimento sustentável baseado em fontes de biomassa”, argumenta a pesquisadora.
Além disso, o óleo de mamona possui propriedades superiores aos óleos minerais, capazes de substituir os óleos de origem mineral em todas as suas aplicações, porém de maneira sustentável. “Hoje o óleo de mamona é um dos produtos que se encaixam com o conceito da economia circular, pois é totalmente reciclável e de baixo impacto ambiental”, diz Milani.