Agropecuária

Cassilândia: UEMS e EMBRAPA realizam pesquisas inovadoras com cultivo de amendoim

A Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) em cooperação técnica com a Embrapa Algodão, com o apoio da Cooperativa Casul, de Paranaíba,  tem realizado pesquisas inovadoras no cultivo de amendoim nas unidades de Cassilândia e Mundo Novo. As ações geram recomendações aos produtores, conhecimento aos alunos, norteiam políticas públicas de fomento e contribuem para informações no Zoneamento Agrícola.

Atualmente, a equipe de pesquisa envolvida nos estudos com amendoim é composta pelos professores: Cássio de Castro Seron, Eduardo Pradi Vendruscolo e Murilo Battistuzzi Martins da Unidade de Cassilândia; o professor Tiago Zoz da Unidade de Mundo Novo, e os membros do Programa de Melhoramento de Amendoim da Embrapa, Engenheiro Agrônomo Jair Heuert e Dra. Taís de Moraes Falleiro Suassuna.

O amendoim é uma das culturas com maior expansão no Mato Grosso do Sul. De acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), na safra atual 2022/2023, que está se encerrando, a produção estadual de amendoim foi de 31,8 mil toneladas, um aumento de 278% em relação à safra 2020/2021, que foi de 3,8 mil toneladas. Esse crescimento pode ser atribuído principalmente a dois fatores. Primeiramente, a alta demanda do mercado externo por amendoim tem pressionado a elevação dos preços no mercado interno, gerando maiores receitas aos produtores e propiciando maior capacidade de investimento por parte dos mesmos. Em segundo lugar, os custos de arrendamento de terras são mais baixos no Mato Grosso do Sul em comparação com o estado de São Paulo, que é o principal produtor de amendoim. Isso tem feito com que muitos produtores optem por arrendar áreas no Mato Grosso do Sul em vez de São Paulo. Este fator também contribuiu para a instalação de duas unidades da Cooperativa Casul no Mato Grosso do Sul (Paranaíba e Bataguassu), uma das maiores cooperativas que trabalha com a comercialização de amendoim no estado de São Paulo.

Nesse contexto, em 2020, a partir da demanda do Engenheiro Agrônomo da unidade da Casul recém-instalada em Paranaíba, Mennes Vieira Silva, que também foi aluno do Programa de Pós-Graduação em Agronomia – Sustentabilidade na Agricultura da unidade de Cassilândia, os pesquisadores do grupo de pesquisa INNOVA (Research Group for Innovation and Advancement of Agriculture) iniciaram as pesquisas com genótipos de amendoim na região do Bolsão Sul-Mato-Grossense. Para isto, neste mesmo ano, foi assinado um contrato de cooperação técnica entre a UEMS e a EMBRAPA Algodão, com o apoio da Casul para fortalecer as pesquisas com amendoim no estado.

Cassilândia: UEMS e EMBRAPA realizam pesquisas inovadoras com cultivo de amendoim

Início dos trabalhos

O primeiro ensaio de Valor de Cultivo e Uso (VCU) foi conduzido na safra 2020/2021, na área experimental da unidade de Cassilândia, com 10 genótipos de amendoim, sendo sete linhagens e dois cultivares (BRS 421 OL e BRS 423 OL) do Programa de Melhoramento de Amendoim (PMA) da EMBRAPA, e um cultivar argentino (Granoleico). Na safra seguinte, em 2021/2022, outro ensaio VCU com 10 genótipos de amendoim, contendo oito linhagens e uma cultivar (BRS 423 OL) do PMA e um cultivar argentino (Granoleico), também foi conduzido na área experimental da UEMS de Cassilândia.

Na safra 2022/2023, além da unidade de Cassilândia, também foi conduzido um ensaio  (VCU) na unidade da UEMS em Mundo Novo. Dessa forma, as pesquisas com amendoim ocorreram simultaneamente em duas importantes e contrastantes regiões do estado, o Bolsão Sul-Mato-Grossense, caracterizado como Cerrado, e o Cone Sul, região de mata atlântica. Nesta safra, foram avaliadas sete linhagens e três cultivares comerciais (BRS 421 OL, BRS 423 OL e BRS 425 OL) do PMA. Outro ponto importante a ser destacado é que, na última safra, além dos ensaios de VCU, outros estudos foram conduzidos com a cultura do amendoim, principalmente envolvendo o preparo do solo e a resistência a doenças.

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Contribuições da UEMS

A participação da UEMS nas pesquisas com amendoim nas últimas três safras contribuiu para o registro de novas cultivares de amendoim pela EMBRAPA, como a BRS 427 OL, que teve sua aprovação neste ano no Registro Nacional de Cultivares (RNC) do Ministério da Agricultura e Pecuária e foi avaliada nos ensaios de  Valor de Cultivo e Uso (VCU) sob a denominação 2010 OL. Além disso, a participação gerou a dissertação intitulada “Desempenho agronômico de novas linhagens de amendoim na região do Bolsão Sul-Matogrossense” do aluno e agora mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Agronomia – Sustentabilidade na Agricultura, Mennes Vieira Silva. Ademais, foram elaborados artigos científicos e resumos, e ocorreu o treinamento de alunos de iniciação científica.

Estes estudos também contribuem para geração de dados que subsidiam a inscrição de novas cultivares de amendoim no Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) do Mato Grosso do Sul. De acordo com o Ministério de Agricultura e Pecuária, o ZARC é um instrumento de política agrícola e gestão de riscos na agricultura. Tem como objetivo minimizar os riscos relacionados aos fenômenos climáticos adversos e permite a cada município identificar a melhor época de plantio das culturas, nos diferentes tipos de solo e ciclos de cultivares. Deve-se ressaltar que a possibilidade de contratação do seguro rural por parte dos produtores é baseada nas recomendações que constam no ZARC, o que evidência novamente a importância do projeto que vem sendo realizado.

O professor Cássio de Castro Seron, coordenador do CEDESU e membro do grupo de pesquisa INNOVA, destaca que nos ensaios de VCU conduzidos em Cassilândia nas safras 2020/2021 e 2021/2022, a produtividade dos melhores genótipos foi 38% superior em relação à média nacional, demonstrando que as condições edafoclimáticas da região do Bolsão Sul-mato-grossense são favoráveis para o cultivo do amendoim, havendo assim uma nova opção de cultura para a região hoje predominantemente dominado por pastagens e muitas delas em estado de degradação e com baixa lotação animal.

Em Mundo Novo, os estudos com amendoim também fazem parte de uma das linhas de pesquisa do Centro de Estudos e Inovações em Sequestro de Carbono (CEISCO), implantado no início de 2023, e além da EMBRAPA como parceira, também conta com o apoio da empresa AgriSoluções Soluções Biológicas, que tem dado todo suporte para a condução dos projetos de pesquisa. A AgriSoluções Soluções Biológicas é uma empresa de Mundo Novo – MS que atende produtores do Mato Grosso do Sul, Paraná e Paraguai, e trabalha principalmente com insumos biológicos.

O professor Tiago Zoz, coordenador do CEISCO, membro do grupo de pesquisa INNOVA e responsável pelas pesquisas com amendoim em Mundo Novo, destaca que os resultados de produtividade do ensaio de VCU em Mundo Novo na safra 2022/2023 foram satisfatórios, com valores em torno de 27% e 37% superior à produtividade média do estado e nacional na safra 2022/2023, respectivamente. “já existem áreas de cultivo de amendoim nos municípios de Naviraí e Itaquiraí, ambos no Cone Sul do estado, porém, agora com mais estudos na região, podemos reduzir os custos de produção sendo mais assertivos na escolha das cultivares e no manejo, e consequentemente aumentar a produtividade da cultura, se tornando uma alternativa ainda mais interessante para agricultores da região”, disse Tiago Zoz.

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Importância para a UEMS

É importante destacar que projetos de pesquisa como este fortalecem as parcerias interinstitucionais, como neste caso, com a EMBRAPA, além de aumentar a inserção da UEMS nas regiões de estudo, gerando resultados e recomendações importantes para os produtores. Outro aspecto importante é o treinamento e formação de profissionais qualificados para trabalhar com a cultura em questão. Alunos de graduação estão envolvidos no projeto, com trabalhos de conclusão de curso, iniciação científica e estágio, ou seja, estes alunos vivenciam a rotina na implantação, manejo e colheita da cultura. Além disso, alunos da pós-graduação também atuam nesses projetos, inclusive desenvolvendo seus projetos de dissertação.

Como o projeto também envolve empresas do estado, como a AgriSoluções Soluções Biológicas, os alunos têm contato com o mercado de trabalho, o que futuramente pode resultar na obtenção de emprego nestas empresas. O projeto também é utilizado nas aulas, práticas e teóricas, nos cursos de graduação e pós-graduação da UEMS em ambas as unidades. Portanto, diante do que foi exposto, este projeto fortalece as atividades de ensino, pesquisa, extensão e inovação, fortalecendo a UEMS no Estado e no cenário nacional.

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Importância para Embrapa

A Embrapa, recentemente completou 50 anos, tem a missão de viabilizar soluções com foco na sustentabilidade na agricultura, em prol da segurança alimentar brasileira. A unidade da Embrapa Algodão é responsável pela pesquisa e desenvolvimento da cultura do amendoim e nos últimos anos tem estreitado as interações, firmando cooperações técnicas para ampliar as pesquisas em diferentes regiões para atender a demanda crescente por alimentos e proporcionar a expansão da cultura do amendoim.

A intensificação da pesquisa com a cultura do amendoim pode ser considerada um processo contínuo e fundamental para o sucesso da cadeia produtiva no Mato Grosso do Sul. De acordo com o Engenheiro Agrônomo, Jair Heuert, que coordena a rede de parcerias do Programa de Melhoramento do Amendoim da Embrapa, o melhoramento genético gera novas cultivares mais produtivas, com melhor adaptação regional, ciclo adequado, hábito de crescimento adaptado a colheita mecanizada, com níveis mais elevados de resistência às doenças e ao estresse hídrico. “O estado apresenta um grande potencial e essa cooperação é fundamental pois os resultados gerados com a pesquisa, conseguimos recomendar para os produtores, quais são as cultivares mais produtivas na região, que se mostram mais tolerante às doenças e indicar a época de plantio mais apropriada para cada uma delas”, relata Heuert.

Perspectivas

Para as próximas safras, o planejamento do Grupo de Pesquisa envolve os estudos com preparo do solo, época de plantio, inoculação, adubação e resistência à doença, além dos ensaios de Valor de Cultivo e Uso (VCU). O objetivo é gerar resultados e recomendações que subsidiem a crescente produção do amendoim no estado, fortalecer as pesquisas em conjunto com a EMBRAPA, e aumentar a inserção da UEMS no âmbito nacional.

Informações: Prof. Dr. Tiago Zoz (UEMS/Mundo Novo)

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