Brasil tem tecnologia para ser referência em Biotecnologia
Mesmo com toda a dificuldade devido a legislação e estarem permanentemente investindo, as empresas brasileiras de Biotecnologia, mesmo assim, conseguem competir em termos de qualidade, de igual para igual, com os concorrentes externos. É o que afirma o biólogo Prof. Dr. Aldo José Pinheiro Dillon, um dos fundadores da Empresa Caxiense de Controle Biológico, atualmente Dillon Biotecnologia, com 22 anos de atuação na área de insumos para agricultura.
“Embora existam empresas estrangeiras que trazem tecnologias geradas em outros países para serem aplicadas no Brasil, podemos dizer que a grande maioria das empresas desta área, com atuação no Brasil, nasceram utilizando tecnologias geradas nos centros de pesquisas de universidades brasileiras ou na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)”, explica ainda Dillon, que é mestre e doutor em Genética de Microrganismos.
O especialista resumidamente define Biotecnologia como o uso de sistemas vivos – ou de seus componentes – para a produção de bens de interesse ao homem. Nesse setor, se enquadram as tecnologias de multiplicação de agentes biológicos, tais como microrganismos, ou mesmo insetos, empregados na agricultura.
“Como exemplo, falarei do uso do fungo Trichoderma spp, utilizado para controle de muitas doenças de plantas. Primeiramente, existe um pesquisador que isolou, entre várias linhagens de Trichoderma spp, uma que pode ser observada em laboratório, apresentando ações contra um outro microrganismo, ou mesmo sobre vários microrganismos, causadores de doenças”, explica Dillon.
No entanto, ressalta ele, o que interessa ao pesquisador é “saber se a ação positiva que ele observou na linhagem isolada do Trichoderma no laboratório, também ocorre a campo, em áreas experimentais, onde a fungo possa ser testado”, completa o especialista.
De acordo com Dillon, a legislação brasileira considera agrotóxico, qualquer produto com ação (seja um químico ou um microrganismo) para combater pragas e doenças. Isso, segundo ele, implica que este microrganismo deve passar por vários estudos de investigação e avaliação quanto ao seu potencial toxicológico ao homem e aos animais, para poder ser introduzido no mercado.
“Posteriormente, devemos pensar que o microrganismo necessita ser produzido em grandes quantidades, passar a ser constituinte de uma formulação que o permita embalar, e que chegue vivo ao seu destino, a um custo que possa viabilizá-lo economicamente, como produto. Para tanto, existe a necessidade de profissionais da Biologia, da Agronomia, da Engenharia, da Economia, os profissionais de assessoramento a campo e os da venda. Felizmente, bons profissionais de todas estas áreas não faltam no Brasil”, indica ele.
O investimento no entanto, é um fator que precisa ser considerado. “Uma fábrica, por mínima que seja, não existirá sem investimentos, seja em espaço físico, seja em equipamento e pessoal. Eu estimaria um mínimo de uns R$ 2 milhões para começar uma produção e comercialização de um produto baseado em um microrganismo”, conclui.