Tratoraço contra taxação do agro ocorre nesta quarta, na Assembleia
Acontece, nesta quarta-feira (16), um tratoraço na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), em Goiânia, contra o projeto do governador Ronaldo Caiado (União Brasil) que prevê a taxação em até 1,65% do agro goiano. A matéria teve pedido de vistas na Casa, na última semana, mas a partir desta data deve tramitar normalmente. A expectativa é que até quinta-feira passe, pelo menos, pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
O deputado estadual Paulo Trabalho (PL) é o organizador do ato. Ele convocou agropecuaristas, lideranças e a população em geral. “Precisamos de todo agro e todos que são contra a taxação.” Segundo ele, só com discursos na tribuna é muito difícil impedir a aprovação, que “vai prejudicar a todos, pois impactará toda a cadeia. Subirá o preço de tudo”.
Destaca-se, a taxação pode chegar até 1,65% e serve para compensar a perda de arrecadação do ICMS por medida do governo federal, conforme justifica o Estado. Esta não terá incidência em toda a produção agropecuária. Apenas os produtores de milho, soja, cana de açúcar, carnes e minérios serão contribuintes. A proposta do governo estadual é que o valor arrecadado vá para um fundo e seja investido na infraestrutura do Estado. Os representantes do agro, contudo, estão céticos quanto a isso, além de insatisfeitos com a contribuição.
Secretário da Associação dos Fornecedores de Cana de Goiás (Aprocana-GO), Joaquim Sardinha diz que a taxa é preocupante. “Vamos acabar trabalhando no vermelho”, diz ao lembrar que ainda existem custos de maquinário e funcionários e que as margens já são baixas.
“Ele prometeu que não mexeria com a área do agro, que sempre foi o berço político dele. Aí enviou essa proposta descabida. Essa conta não é do agro”, lamenta Joaquim. “Já contribuímos com muito. Não temos condição de pagar mais nada. Nossos custos produção praticamente dobraram.”
Cristiano Palavro, consultor técnico da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Goiás (Aprosoja-GO), diz que o governador não falava sobre taxar o agro antes da eleição. “Ele diz que irá alimentar o fundo para infraestrutura, mas sabemos que, por outros que implementaram essa taxa, o repasse é mínimo. Vai para o bolo do governo”, rebate Cristiano e fala sobre alternativas: “Defendemos o enxugamento do Estado e melhoria da gestão. Não aumentar gradualmente as contribuições.” Segundo ele, 1,65% de taxa no agronegócio é agressivo.
Por nota, a Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) disse que “a realidade do campo requer cautela, uma vez que os custos de produção têm se elevado cada vez mais e os produtores dos diversos segmentos da agricultura e pecuária têm lutado para não operar no prejuízo. Com isso, uma taxação a mais poderia inviabilizar o setor agropecuário, gerando índices de desemprego e freando o desenvolvimento tão necessário para a sociedade, o estado e o país.”
Para a Faeg, é sabido da necessidade de se investir em infraestrutura no estado, contudo, “não é momento de se pensar em mais custos, é preciso pensar em mais estímulos para produção.”