O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) multou o Instituto Onça-Pintada (IOP) em R$ 452 mil após registrar a morte de 72 animais por suposta negligência, além de exposição indevida na internet e maus-tratos dentro da entidade, localizada em Mineiros, região sudoeste de Goiás. O IOP também foi proibido de receber animais silvestres e divulgar fotos e vídeos dos animais nas redes sociais.
O local ainda foi embargado porque a quantidade de animais que morrem lá, de acordo com Ibama, é três vezes maior do que o número de nascimentos. Um laudo do Ibama aponta que há 109 animais sob a responsabilidade do IOP, o que significa que o local perdeu cerca de 70% de seu plantel, ou seja: a cada 10 animais, sete morreram neste período.
Durante esses seis anos, nasceram apenas 37 filhotes.
Nos registros, consta que, em 2017, houve 26 mortes, cinco em 2018, duas em 2019, 35 em 2020 e quatro em 2021. Neste ano, o Ibama não registrou nenhuma morte. Das 72 mortes, 52 foram de espécies ameaçadas de extinção.
Segundo o Instituto Onça-Pintada, as mortes de onças-pintadas, tamanduás, lobos, cervos e pássaros foram resultado de diversos fatores como ataques de outros animais, envenenamento, picadas de serpentes e até infestações de pulgas. “Sempre adotamos todas as medidas necessárias para a segurança dos animais. Inclusive recebemos animais do Ibama para recuperação e tratamento”, diz o instituto em nota.
Exposição na internet
Ainda segundo o Ibama, a exposição de animais silvestres é vedada para a categoria de criadouro conservacionista. No entanto, O IOP publica vídeos e fotos nas redes sociais onde os animais silvestres são tratados como animais domésticos ou convivem no mesmo ambiente que espécies domesticadas, já que cães também moram no instituto. Afirmam ainda que espécies de presas e predadores, que não deviam ter interação, vivem em harmonia.
“É inadequada a interação com os animais como se eles fossem os bichos de estimação da família e sua exposição na internet, o que não se alinha com a função de um criadouro conservacionista e não se encontra previsto ou autorizado nas atribuições da atividade, ao contrário, é vedada na resolução Conama nº 489/18″, diz o laudo do Ibama.
Em nota, o Instituto Onça-Pintada se diz surpreso com o embargo do Ibama e afirma que o fiscal que aplicou a multa nunca esteve presencialmente no instituto. Relatam ainda que o embargo trará prejuízos ao local.
Confira nota na íntegra:
“O Instituto Onça-Pintada (IOP) é uma organização não-governamental, criada em 2002, por nós, biólogos Dr. Leandro Silveira e Dra. Anah Tereza de Almeida Jácomo, que sempre dedicamos nossas vidas à conservação da onça-pintada. Também desenvolvemos pesquisa científica nos cinco Biomas brasileiros (Amazônia, Cerrado, Caatinga, Pantanal e Mata Atlântica).
Somos amplamente reconhecidos pelas boas práticas no manejo e cuidados com os animais sob nossa responsabilidade. Sempre adotamos todas as medidas necessárias para a segurança dos animais. Inclusive recebemos animais do Ibama para recuperação e tratamento.
Dessa forma, foi com surpresa que recebemos as aplicações de multas no mês de junho por um fiscal do Ibama, que nunca esteve presencialmente nas nossas instalações. Já apresentamos nossa defesa ao Ibama e estamos confiantes na reversão das sanções. Com os embargos fixados pelo fiscal, as atividades do instituto serão prejudicadas”.