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Produtores ‘salvam’ parte das lavouras da enchente e criam cozinha solidária

O gaúcho Diego Severo, produtor assentado de arroz agroecológico desde 2010 em Viamão (RS), assistiu a muitos colegas perderem o que estavam começando a plantar nas áreas da região, entre hortaliças e o cereal.

Desde a última quarta-feira (7/5), porém, ele e outras dezenas de agricultores arrecadaram alimentos que já haviam sido colhidos em assentamentos que não foram totalmente atingidos pelas fortes chuvas do Rio Grande do Sul para estruturar uma cozinha solidária.

A ação, montada na cooperativa do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do município, conseguiu entregar 1.500 marmitas para a população desabrigada e desalojada. Parte deste volume foi entregue de helicóptero na cidade de Eldorado do Sul, onde a situação é calamitosa. A outra parte foi distribuída em Viamão.

De acordo com Severo, os danos entre as 362 famílias de agricultores do local foram diversos e houve quem perdeu grande parte da lavoura. Antes das chuvas, a produção do assentamento de Viamão estava estimada em 120 sacas por hectare. Agora, ela é de, no máximo, 30 sacas por hectare.

“Tivemos um dano em 300 hectares de arroz que estavam para ser colhidos na região de Viamão. Com isso, estimamos uma perda de 30 sacos de arroz só neste assentamento”, conta à reportagem. O volume representa cerca de 150 kg do alimento básico.

Os agricultores assentados estão “apavorados” com o futuro, conta Severo. A esperança é tentar colher o que der para, ao menos, virar ração animal.

“O pessoal está na ansiedade para baixar a água e colher alguma coisa para ração. Mas em uma pequena área de 22 hectares, por exemplo, o pessoal não foi possível recuperar nada”, lamenta.

O assentamento Filhos de Sepé é o maior produtor de arroz orgânico da América Latina, segundo o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga). Mais de 370 agricultores cultivam na área que é administrada pela Cooperativa dos Produtores Orgânicos da Reforma Agrária de Viamão (Coperav). Foram colhidas cerca de 16 mil toneladas do cereal na safra 2022/2023.

Por Isadora Camargo globo rural

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