Goiás produz semente de planta que é transformada em combustível para avião
Goiás é o estado que apresentou o maior rendimento nos ensaios de cultivo da semente da carinata, um tipo de mostarda que pode ser transformada em combustível para avião. É o que afirma Philipp Herbst Minarelli, diretor da Nussed Brazil que lançou a novidade durante a Technoshow, feira de agronegócio em Rio Verde, na região sudoeste de Goiás.
De acordo com o diretor, o combustível para avião a partir da semente está em desenvolvimento há oito anos na Argentina e, agora, em lançamento no Brasil. Apesar do biocombustível já ser vendido na Europa, ainda não é comercializado no Brasil.
“Nossa previsão é de comercializar o combustível feito da semente da carinata nos próximos dois ou três anos”, projeta Philipp.
O diretor afirma que ainda não há uma estimativa de preço médio por litro, mas lista os benefícios do cultivo da carinata. “É uma cultura sustentável, assim há benefício para o solo, pois protege contra erosão e reduz as pragas, além de ser uma cultura não transgênica”, explica.
Além disso, o diretor afirma que, para o cultivo da carinata, não há necessidade de desmatamento, pois pode alternar com cultivo de outras espécies.
“Fizemos os ensaios em Acreúna, Goiás, em Uberlândia (MG), Ponta Grossa (PR), Sarandi (RS) e Três de Maio (RS). Em Goiás, os ensaios do cultivo apresentaram maior produtividade, foram 50 sacos por hectare cultivado. Por isso, decidimos lançar na Technoshow, em Rio Verde”, conta o diretor.
Cada saco de semente de carinata produzido pesa 60 quilos, que é uma quantidade capaz de produzir 25 quilos de óleo bruto. Philipp afirma, ainda, que o restante da produção é proteína que pode ser destinada para alimentação animal.
O g1 entrou em contato com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para saber sobre a autorização para a produção do referido combustível em território brasileiro. A Agência informou que a produção de combustível sustentável de aviação (SAF, sigla em inglês), a partir de óleos vegetais como a carinata, já é aprovada para uso na aviação civil desde 2021, com a publicação da Resolução ANP nº 856.
A ANP informou ainda que, atualmente, não há registro de produção nacional nem importação desse combustível.
Por Tatiane Barbosa, g1 Goiás