Agropecuária

Brasil vai exportar menos milho em 2024 do que em 2023, acompanhando diminuição na produção

Em 2023 o Brasil exportou 55 milhões de toneladas de milho e se tornou o maior exportador mundial do cereal na temporada. Porém para 2024 o cenário deve ser outro, diante de menos disponibilidade do grão no país e a possibilidade de originações em outras localidades, o que deve resultar em menos exportações brasileiras.

De acordo com os dados da Anec (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais), após as exportações recordes de milho em 2023, o Brasil deverá exportar, no máximo, 38 milhões de toneladas ao longo de 2024. Na visão da entidade, essa redução está diretamente atrelada a diminuição na expectativa de produção de milho no país neste ano.

“A gente estima uma queda de cerca de 20 milhões de toneladas na produção brasileira e isso vai incidir diretamente e totalmente nas exportações. Temos um mercado interno que precisa continuar abastecido e tem prioridade, inclusive devendo ter preços mais atrativos do que o mercado externo”, explica Sérgio Mendes, Diretor Geral da Anec.

Essa relação entre menos produção e menores exportações de milho também é destacada pelo Consultor de Gerenciamento de Risco da StoneX, Étore Baroni, que acredita em embarques entre 35 e 40 milhões de toneladas para 2024.

“O mundo vai precisar um pouco menos do milho brasileiro em 2024. Não quer dizer que o mundo deixou de gostar do milho brasileiro ou que perdemos competitividade, mas se fizermos uma conta de que se produzirmos 90 milhões de toneladas na safrinha, nosso consumo interno é de 42 milhões toneladas e deixa 48 milhões de toneladas. Na medida que temos que passar com estoque de passagem desse ano para o próximo porque eu não tenho uma safra de verão muito grande, o Brasil vai ter menos milho para exportar no segundo semestre. Como temos uma conta menor de produção esse ano, o mercado interno tem que ser abastecido e a gente exporta o excedente que sobra, que nesse ano será menor pela redução de área plantada e de produção. Ano passado exportamos 55 milhões e esse ano deve ser perto de 35 ou 40 milhões”, diz Baroni.

Já Roberto Carlos Rafael da Germinar Corretora, também relata essa conta de menos produção e menos exportação, mas considera que, diante de estoques de passagem de 2023 para 2024 que estão se mostrando maiores do que os oficialmente divulgados, as exportações brasileiras de milho ainda devem ter fôlego para ficar entre 40 e 52 milhões de toneladas, sendo alteradas justamente pelo tamanho final da produção.

 

 

“A safrinha junto com a safra de verão, os números que se trabalham no mercado é que pode ser entre 115 e 124 milhões de toneladas no total. É uma safra que, por mais que seja menor do que a do ano passado, ainda vai trabalhar com excedentes para exportação. Eu acredito que as exportações brasileiras fiquem entre 40 e 52 milhões de toneladas. Os nossos estoques de passagem são bem maiores do que os que a Conab divulga, falar que nós abrimos 31 de janeiro com 7 milhões de toneladas de estoque, se tivéssemos isso os preços do milho estariam beirando paridade de importação, mas não é esse o número que temos no mercado, os estoques foram maiores”, opina Rafael.

E A COMPETITIVIDADE? 

As exportações de milho do Brasil em 2024 deverão ser menores do que as de 2023 como reflexo direto da diminuição na produção nacional do grão de um ano para o outro. Porém, um outro fator também pode atuar para tirar espaço do milho brasileiro no mercado internacional, a competição com outras origens como Estados Unidos, Ucrânia e Argentina.

“Temos que lembrar que o mundo tem um excedente de milho grande. Os Estados Unidos têm estoque de 60 milhões de toneladas, a Argentina está produzindo 25 milhões de toneladas a mais do que produziu no ano passado, uma safra muito grande na China e tivemos uma safra muito boa também na Ucrânia. Então o mundo tem onde buscar esse milho”, destaca Baroni.

“O mundo neste momento tem estoques muito confortáveis de milho. Hoje nós temos no Brasil, porque o produtor ainda está distante da comercialização, o preço que o produtor está pedindo se torna mais caro do que o de outros países. Fica mais caro do que Argentina, do que Ucrânia e do que Estados Unidos. Nesse cenário em que o produtor não vendeu porque queria um preço mais alto, certamente já perdemos um pouco do programa que poderíamos ter colocado na exportação”, alerta Rafael.

Já na visão da Anec, apesar de uma diminuição momentânea nas exportações, não há dano na competitividade do milho brasileiro no mercado internacional e um eventual aumento na produção irá resultar no acréscimo natural das exportações, inclusive com muitos países querendo o milho do Brasil neste momento.

“O pessoal fica preocupado com competitividade do mercado, mas é a quebra de safra que incide diretamente na exportação. A produção voltando, a exportação volta automaticamente. Alguns países inclusive estão preocupados, procurando o Governo brasileiro, especialmente os países da África que precisam mais do Brasil porque são preteridos por outros mercados. Os mercados para o milho brasileiro são consolidados, tendo a oferta terá a exportação”, pontua Mendes.

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